quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Diálogos de Domingo cedo - Parte XVI

É pessoal. Nem todo mundo é de ferro. Uma forte gripe pegou o nosso Jovem de jeito, deixando-o de cama por alguns dias. Claro, tomando remédios, seu sabado à noite foi suprimido, foi dilacerado, execrado. Mas não o de Dona Jovelina.
Uns parentes vieram de longe para a formatura de uma ente da família, que, obviamente, o Jovem não tinha a mínima idéia de quem era. Ela estava se formando em medicina, e o Jovem não costuma andar com pessoas que estão se formando em medicina. Eles quase não bebem. Também, usando o Jovem como parâmetro, todos quase não bebem.
Ela se arrumou toda, foi ao salão de beleza, fez maquiagem, colocou um roupa especial, se perfumou e foi para a festa totalmente diferente da D. Jovelina que estamos acostumados a imaginar, no domingo cedo, com uma camisola de algodão com um boneco dormindo estampado ou simplesmente com uma camisa velha de político, com a garrafa de água fervendo na mão, passando o café.

Chegando lá, ela se depara com a abundância: Claro, festa de gente da grana é diferente. Não era em quantidade, mas era só coisa cara. Aí ela foi na batidinha: Tomou uma, duas, três... Tomou um champagne (Möet, claro), apreciou alguns vinhos: Seco, tinto, branco... enfim, tomou um cálice de cada vinho que tinha lá. Começou a tomar chopp. Algumas canecas depois, ela reparou que já não estava tão bem como estava na hora em que chegou, que já não tinha quase ninguém mais na festa e que a tarefa de andar de salto havia se complicado um pouco mais. Chamou um taxi e foi pra casa. No caminho, D. Jovelina não se conteve e regurgitou no taxi do homem. Ela bem que tentou colocar a cabeça pra fora, mas o vidro estava fechado. Eis que o geiser de vômito explodiu na janela como explodem aquelas bexigas que a gente enchia de água e jogava um pro outro quando crianças.

Lógico que o jovem tava preocupado, a última vez que sua mãe havia chegado tarde em casa foi em 1996, que ela havia bebido tanto que voltou com um cachorro novo pra casa. Ela odeia cachorros. Enfim, sei que os papéis se inverteram: Dona Jovelina paga o taxi, tira o salto e tenta abrir o portão, quando Jovem aparece:

Jovem: Tá bebada, né, véia???
D. Jovelina: Não, nuo zo nada n... não
Jovem: UHAUHAUHAUHAHUAUHAHUAHUAUHAAAAAA OLHA LÁÁÁÁ!!!!! Num tá bebada??? Tá trupicando na própria joanete e num tá bebada não, imagina... UHAHUAHUAHUAHUAA!!!
D. Jovelina: Ah, moleque! Eu bebi mesmo, vomitei (HIC) mesmo, me diverti e você não pode falar nada! Sabe por que?
Jovem: Hmm...
D. Jovelina (HIC) Você, Jove(HIc)m, num pode falar nada porque todo domingo de manhã é você que chega bebado! E não eu! (HIC)
Jovem: É, mãe, mas acontece que a minha reputação de bebado já é conhecida. E a sua trajetória de pinga deve ser muito mais braba que a minha. A senhora só a oculta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário